sábado, 26 de junho de 2010

IMPÉRIO E PAUPERIZAÇÃO

Em 1944, Karl Polanyi (1886-1964) publicou sua obra clássica sobre as mudanças econômicas, políticas e institucionais que permitiram, no século 19, o pleno desenvolvimento da economia de mercado e da época de ouro da "civilização liberal".




"A Grande Transformação" foi escrito durante a crise que preparou o nascimento, depois da Segunda Guerra, do Welfare State e dos "Estados desenvolvimentistas", segundo Polanyi, uma reação de autoproteção da sociedade, contra os efeitos entrópicos dos mercados auto-regulados. Hoje, não é difícil perceber que está em curso uma nova "grande transformação" da sociedade e da economia capitalista, cujo resultado mais visível tem sido um retorno às crenças e políticas daquela primeira "época de ouro" do liberalismo econômico.



Ao analisar as mudanças do século 19, Polanyi foi um dos primeiros a associá-las à vitória econômica e política da Inglaterra sobre a França e ao nascimento de uma nova ordem mundial, baseada no controle inglês dos mares, dos portos e da moeda de referência internacional, os pilares em que se sustentou o domínio das "altas finanças" e o poder imperial que a Inglaterra exerceu sobre o mundo, de forma exclusiva, até 1880, e, de forma mais atenuada, até o final da Primeira Guerra.



Agora, de novo, depois do fim do "mundo socialista" e da Guerra Fria, a vitória americana vem criando uma nova ordem mundial articulada a partir do poder global, econômico e militar dos Estados Unidos. Pouco a pouco, os analistas foram percebendo que as mudanças militares, financeiras e tecnológicas do último quarto de século lhes haviam transferido uma enorme capacidade de comando e de penalização sobre o resto do mundo.



Por isso, o que a princípio parecia uma "visão conspiratória", agora já parece um fato normal e consolidado: ganhou força, no fim do século 20, um novo projeto de organização imperial do poder mundial. O que se discute já não é mais a sua existência, é a natureza e a originalidade deste novo império, em particular a sua abrangência e incontestabilidade; a sua forma peculiar de controle não colonial dos territórios e suas relações com a expansão financeira e com os interesses e objetivos estratégicos norte-americanos.



Como disse Samuel Berger, assessor de Segurança Nacional da Presidência dos Estados Unidos, durante a administração Clinton, "a América controla, hoje, o acesso às redes de informação, comércio e segurança e, com isto, tem influência sobre as escolhas das nações. Muitos acontecimentos mundiais recentes ocorreram por causa do uso deste poder pelos Estados Unidos, e não por causa de alguma necessidade preestabelecida e imposta pela globalização".



Muitos analistas internacionais localizam a origem do projeto imperial americano na Guerra Hispano-Americana de 1898 e na Presidência de Theodore Roosevelt (1901-1908), momento em que os EUA já eram -no início do século 20- a maior potência industrial do planeta.



Mas, quando entraram na Primeira Guerra, os EUA só conseguiram enviar 15 mil soldados para a Europa, muitos deles voluntários. Só depois de Hiroshima e Nagasaki e do fim da Segunda Guerra é que os EUA se viram na condição de poder incontrastável no campo militar, financeiro, produtivo e do conhecimento. Superioridade que lhes permitiu construir uma rede de bases militares através de todo o mundo (não-socialista), com uma forte presença no território dos seus antigos adversários.



Foi neste mesmo período que suas grandes corporações lideraram o processo de internacionalização das estruturas produtivas capitalistas, apoiadas num sistema monetário internacional baseado na moeda americana. Esta situação se altera com a crise dos anos 70, mas há muitos analistas que consideram que as decisões e mudanças implementadas pela administração Nixon já apontavam para o objetivo imperial.



Qual é então a grande novidade do final de século 20? O fim da bipolaridade com a URSS, sem dúvida. Mas a grande mudança ocorreu antes, influenciando a própria maneira em que se deu a rendição soviética. Uma transformação radical, nos dois pilares em que todos os impérios sempre se sustentaram: o poder das armas e do dinheiro. A forma de funcionamento do novo sistema monetário mundial, e da "nova maneira americana" de fazer a guerra.



De maneira simplificada, pode-se dizer que tudo começou com a derrota americana no Vietnã, seguida pelos sucessivos reveses da política externa dos EUA durante a década de 1970: a vitória da Revolução Islâmica no Irã; a vitória sandinista na Nicarágua; a crescente presença soviética na África e no Oriente Médio; e, finalmente, a invasão russa do Afeganistão. Um conjunto de humilhações que ajudou a eleger o conservador Ronald Reagan e legitimar seu projeto de retomada da Guerra Fria no início dos anos 1980 -seguido da expansão dos gastos militares do governo norte-americano.



Foi nesse momento que começou, com o nome popular de Guerra nas Estrelas, a "revolução militar" que mudou completamente a concepção política e a base estratégica e logística do poder bélico dos EUA.



Durante esse período se desenvolveram os novos sistemas de informação que permitiram o melhoramento das condições de controle e comando dos campos de batalha; o desenvolvimento de vetores e bombas teledirigidas de alta precisão e sistemas sofisticados de ataque furtivo, além de novos equipamentos sob comando remoto, que permitiram, em conjunto, reduzir ao mínimo o risco de perda de soldados americanos. Uma mudança radical no campo da tecnologia militar, cujos efeitos, no campo de batalha e na política internacional só se manifestaram na década de 1990.



Foi na Guerra do Golfo, em 1991, que ocorreu a primeira demonstração da nova maneira americana de fazer guerra. Quarenta e dois dias de ataques aéreos permitiram uma vitória terrestre em menos de cem horas, com menos de 150 mortes entre as "forças aliadas" que bombardearam o Iraque e mais de 150 mil mortos iraquianos.



Na guerra não declarada de Kosovo, em 1999, foi possível testar e comprovar, pela segunda vez, este poder. Depois de assistir aos 80 dias de bombardeio aéreo ininterrupto do território de Kosovo e da Iugoslávia, sem nenhuma perda humana entre os "aliados" e com a quase total destruição da economia adversária, os governantes e os generais de todo mundo tiveram certeza de que havia nascido, na década de 1990, uma "nova guerra", uma espécie de "guerra tecnocrática", que dispensa a necessidade de soldados cidadãos ou patrióticos.



De forma quase simultânea se desenvolveu, a partir de 1973, uma outra revolução, de natureza financeira, que teve efeitos tão ou mais radicais para o exercício imperial do que os que foram produzidos pela "revolução militar".



Mas foi só na década de 1990 que se pôde apreciar com maior nitidez o funcionamento do novo sistema monetário-financeiro mundial, criado pelas políticas e reformas liberalizantes que levaram à desregulação e integração dos mercados e à livre circulação internacional dos capitais. Uma mudança que alterou a balança de poder, entre as autoridades públicas e os agentes e mercados financeiros privados, e entre as moedas dos diversos países.



Na prática, essa "revolução financeira" deu origem a um novo sistema monetário internacional, uma espécie de "sistema dólar-flexível". Nesse novo padrão, o dólar continua sendo a moeda internacional, mas a ausência da conversibilidade em ouro dá aos EUA -e ao dólar- a liberdade de variar sua paridade em relação às demais moedas conforme sua conveniência, através da simples movimentação das suas taxas de juros. Um poder ainda maior, no caso da relação entre o dólar e as moedas fracas das economias periféricas que também desregularam seus mercados.



Além do que, nesse novo sistema, nascido da "revolução financeira", dos anos 1980, os EUA podem determinar não apenas a variação do valor das demais moedas, mas também a dinâmica de curto prazo da economia mundial. E, o que é essencial, dentro das novas regras, o dólar deixou de ter qualquer padrão de referência que não seja o próprio poder norte-americano.



A possibilidade de fazer guerras, à distância e sem perdas humanas, e o controle de uma moeda internacional sem padrão de referência que não seja o próprio poder do emissor mudaram radicalmente a forma de exercício do poder americano sobre o mundo.



Com a eliminação do poder de contestação soviético e com a ampliação do espaço desregulado da economia mundial de mercado, criou-se um novo tipo de território, submetido à senhoriagem do dólar e à velocidade de intervenção das suas forças militares.



Logo depois da Segunda Guerra, a Pax Americana tinha um parentesco com os velhos impérios marítimos europeus na África e na Ásia, cuja estrutura de poder articulava-se por redes militares, mercantis e financeiras apoiadas por "fortalezas" e "feitorias".



Mas, agora, o novo poder monetário e balístico dos EUA lhes permitiu um maior distanciamento e o estabelecimento de uma forma de dominação que ainda mantém, em alguns casos, suas fortalezas, mas se desfaz, cada vez mais, das feitorias, substituídas pelo controle à distância dos bancos centrais das "províncias" incluídas dentro do seu território imperial. Um território que dispensa fronteiras físicas, porque está recortado por fronteiras monetário-financeiras e estratégicas, facilitando a liderança do capital financeiro norte-americano, nos processos de fusões que promoveram uma gigantesca centralização de capital, durante os anos 1980/1990.



O espaço desse novo tipo de império americano não é contínuo nem homogêneo. Seu poder se apóia no controle de estruturas transnacionais, militares, financeiras, produtivas e ideológicas de alcance global, mas não suprime os Estados nacionais, nem a hierarquia do sistema interestatal.



Reconhece a existência de Estados, que são seus adversários estratégicos, e exerce seu poder de maneira diferenciada: vassalagem, no caso de alguns países do leste asiático e do Oriente Médio; hegemonia, no caso dos aliados europeus.



Só na América Latina, o poder imperial americano é exercido sobre um território contínuo, incluindo todos os seus Estados, com exceção de Cuba. A doutrina Monroe foi enunciada em 1823, mas foi só depois da Guerra Hispano-Americana de 1898, e da crise da hegemonia mundial inglesa, que os EUA passaram a exercer um poder ou soberania incontrastável, com relação aos Estados latino-americanos.



Essa aparente aterritorialidade e a inexistência de contestação são o que leva muitos analistas a pensar que se trata de um império em redes que chegou para ficar. Mas essa forma de organização econômica e política envolve contradições e limites que poderão erodir o poder desse império. É possível identificar, pelo menos, alguns "limites à expansão" desse império.



O primeiro tem a ver com a capacidade de sobrevivência do capitalismo, caso desaparecesse a competição entre os Estados ou poderes político-territoriais.



O segundo tem a ver com o fato que uma autoridade imperial, para que seja aceitável, eficaz e respeitada, requer a existência de alguma combinação de forças que reduza o grau de arbítrio e egoísmo do poder imperial.



E o terceiro e último tem a ver com o fato de que, para que um "poder global" se sustente a longo prazo, é indispensável que permita aos demais Estados ou "províncias independentes" que seus governantes mantenham a sua legitimidade perante os seus governados, evitando, sobretudo, a tendência natural do sistema à "pauperização relativa" de suas populações.

Nome: Charleston Betim

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Congresso dos EUA finaliza histórica reforma de Wall Street





Por Charles Abbott e Andy Sullivan



WASHINGTON, 25 de junho (Reuters) - Os parlamentares dos Estados Unidos finalizaram uma histórica reforma de regulação financeira no início da manhã desta sexta-feira, entregando ao presidente Barack Obama uma enorme vitória doméstica na véspera de uma cúpula global dedicada a reformar o sistema financeiro.



Em uma maratona parlamentar que durou mais de 21 horas, os legisladores reescreveram as regras de Wall Street, o que afetará os lucros da indústria financeira e que irá submetê-la a uma supervisão mais rígida e a restrições mais duras.



A reforma ainda precisa ganhar a aprovação de ambas as câmaras do Congresso antes que Obama possa sancioná-la, dando a Wall Street uma última chance de organizar seu exército de lobistas no Capitólio. É esperada uma ação rápida do Parlamento, e a lei pode ir para assinatura de Obama até 4 de julho.



Mas a lei ficou realmente mais rígida na jornada que já dura anos pelos corredores do Congresso norte-americano. Os democratas lideraram uma onda de irritação pública contra a indústria que se presenteava com bônus abundantes enquanto grande parte do país passava por dificuldades durante a profunda recessão causada por suas ações.



"Nós nos preocupamos sobre as grandes quantias de dinheiro. Eu me preocupo com as grandes quantias de dinheiro que têm influência corruptiva, mas é tranquilizador saber que quando a opinião pública está engajada, ela ganha", disse o deputado democrata Barney Frank, que presidiu o painel.



A reforma mais abrangente das leis financeiras desde os anos 1930 pretende evitar a repetição da crise financeira de 2007-2009, que iniciou a recessão econômica e levou a resgates de gigantes financeiros com dinheiro público. As instituições financeiras teriam de pagar 19 bilhões de dólar para cobrir seus custos.



Os democratas correram para completar seu trabalho antes de Obama viajar nesta sexta-feira ao Canadá para a cúpula do G20. O presidente poderá falar sobre a reforma como modelo para outros países, que tentam coordenar seus esforços para a reforma.



A aprovação da lei, amplamente esperada, também deve somar-se à reforma do sistema de saúde e dar ao Partido Democrata uma importante vitória legislativa antes das eleições parlamentares em novembro.

By:Shimizu

Urgente!!Vazamento de petroleo no Golfo do mexico!!

Ao menos 5.000 barris de petróleo estão vazando diariamente no Golfo do México, um volume cinco vezes superior ao estimado previamente, informou nesta quarta-feira a Guarda Costeira dos Estados Unidos. "Descobriram um novo ponto de vazamento", assinalou o oficial Erik Swanson.


Equipes de emergência iniciaram a queima controlada da gigantesca mancha de petróleo provocada pela explosão de uma plataforma no Golfo do México, diante da ameaça de o óleo chegar à costa da Louisiana.


Estragos - A drástica decisão de atear fogo à maré negra foi adotada após a mancha chegar a cerca de 40 quilômetros dos pântanos de Louisiana, hábitat de diversas espécies. Uma frota de barcos da Guarda Costeira e da companhia britânica de petróleo BP empurrava as partes mais densas da mancha para uma barreira flutuante resistente ao fogo. "O plano é queimar, de forma restrita e controlada, milhares de galões de petróleo, e cada operação dever durar cerca de uma hora", explicaram autoridades.


A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) americana advertiu mais cedo que os fortes ventos de sudeste previstos para os próximos dias poderão empurrar a maré negra para os pântanos da Louisiana.


A plataforma Deepwater Horizon, operada pela BP, afundou na quinta-feira passada 240 quilômetros a sudeste de Nova Orleans, dois dias depois de uma explosão que causou a morte de 11 trabalhadores. A queima da mancha de petróleo para proteger a costa provocará seus próprios problemas ambientais, criando enormes nuvens de fumaça tóxica e deixando resíduos no mar.


Na terça-feira, fracassaram as tentativas de fechar dois focos de vazamento no oleoduto ligado à plataforma, realizadas por quatro submarinos robotizados a 1.500 metros de profundidade

Já está em construção em um estaleiro próximo uma enorme estrutura metálica, uma câmara de contenção que será colocada sobre a região onde o petróleo está vazando. Por uma espécie de dreno, o óleo contido seria levado até navios-tanque e retirado do mar.


A complexidade da outra estratégia confirma: o vazamento pode demorar meses.
Video do vazamento de petroleo no mexico (video da BBC Brasil):




Fonte:G1 e Revista Veja.

By:Dysy(Daniel)
N-6

terça-feira, 15 de junho de 2010

Cerrado receberá investimentos de US$ 42 milhões nos próximos 4 anos

O Cerrado deve ganhar nos próximos quatro anos dois milhões de hectares em unidades de conservação, por meio da criação de novas UC e expansão das já existentes. Este é um dos objetivos do acordo firmado nesta segunda-feira (14) entre o Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Chico Mendes, o Banco Mundial e os governos de Goiás e Tocantins. Por meio dele se investirá US$ 42,69 milhões no segundo maior bioma brasileiro, considerado a savana mais rica em biodiversidade do mundo, com 12 mil espécies de plantas nativas, e conhecido como a caixa d’água do Brasil. No Cerrado se concentra as nascentes das bacias dos rios Amazonas, Prata e São Francisco.

Os recursos, distribuídos em quatro projetos de conservação e uso sustentável da biodiversidade, incluem a doação de US$ 13 milhões do Banco Mundial e contrapartidas no valor de US$ 29,69 milhões do Governo Federal e dos governos de Goiás e Tocantins, que integram o Programa Iniciativa Cerrado Sustentável.

A Iniciativa Cerrado Sustentável possui quatro componentes, cujos principais resultados são: a conservação da biodiversidade do Cerrado, com 2 milhões de hectares adicionais protegidos no bioma Cerrado por meio da criação/expansão de unidades de conservação; o uso sustentável dos recursos naturais do Cerrado, com 12 iniciativas de conhecimento tradicional e melhores práticas atuais para o manejo sustentável dos recursos naturais documentadas e disseminadas e 400 produtores treinados na aplicação das melhores práticas; fortalecimento institucional e formulação de novas políticas públicas; e coordenação da Iniciativa Cerrado Sustentável e monitoramento do Bioma.

O monitoramento da cobertura vegetal do bioma Cerrado já vem sendo realizado pela Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF), em parceria com o Ibama. Com os novos recursos, haverá avanços nesta atividade, como por exemplo, a identificação dos vetores que atuam no desmatamento do Cerrado. (Fonte: Ana Flora Caminha/ MMA)



Gabriela Martins

2030: o ano final do Cerrado

Estudos da ONG ambientalista Conservação Internacional Brasil (CI-Brasil) indicam que o Cerrado deverá desaparecer até 2030.

Estudos da ONG ambientalista Conservação Internacional Brasil (CI-Brasil) indicam que o Cerrado deverá desaparecer até 2030. Dos 204 milhões de ha originais, 57% já foram completamente destruídos e a metade das áreas remanescentes estão bastante alteradas, podendo não mais servir à conservação da biodiversidade. A taxa anual de desmatamento no bioma é alarmante, chegando a 1,5%, ou 3 milhões de ha/ano. As principais pressões sobre o Cerrado são a expansão da fronteira agrícola, as queimadas e o crescimento não planejado das áreas urbanas. A degradação é maior em Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso, no Triângulo Mineiro e no Oeste da Bahia.

Lucas Ryu Hamasaki