domingo, 19 de setembro de 2010

Governador do Amapá, acusado de desvio de verba pública, fica preso pelo menos até quarta-feira

BRASÍLIA - A defesa do governador do Amapá e candidato à reeleição no estado, Pedro Paulo Dias (PP), mudou de estratégia ontem e desistiu de pedir sua libertação. Ele está detido desde a última sexta-feira e foi levado para a superintendência da Polícia Federal, em Brasília, em decorrência da Operação Mãos Limpas, que prendeu, ao todo, 18 pessoas acusadas de corrupção e desvio de recursos públicos que podem chegar a R$ 300 milhões das áreas de educação, saúde, assistência social, entre outras.



"

O governador tem convicção da sua inocência e está certo da impossibilidade de qualquer prorrogação

"

--------------------------------------------------------------------------------

.No sábado, a defesa de Dias havia afirmado que apresentaria pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal. Ontem, porém, a advogada de Dias, Patrícia Aguiar, mudou seu discurso e disse que a ideia agora é esperar esgotarem-se os cinco dias da prisão temporária decretada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), apostando que não haverá renovação do prazo, que pode ser de outros cinco dias.



- O governador tem convicção da sua inocência e está certo da impossibilidade de qualquer prorrogação - disse Patrícia.



- Queremos demonstrar que ele não está dificultando nenhum procedimento que a Justiça ache necessário.



A advogada ressalvou, porém, que o surgimento de eventuais fatos nesta segunda-feira pode alterar a estratégia da defesa do governador do Amapá.



Dias está detido numa sala do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal, semelhante à que foi ocupada pelo ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, que também ficou preso na superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Em outra sala, está o presidente do Tribunal de Contas do Amapá, José Julio de Miranda Coelho, também detido pela Operação Mãos Limpas. Todos os presos prestaram depoimento à PF durante a madrugada. Patrícia esteve ontem com Dias:



- Dentro da situação, ele está reagindo bem. Nunca tinha passado por uma situação nesse sentido.



Os outros 16 presos, incluindo o ex-governador e candidato a senador Waldez Góes, foram levados para a penitenciária da Papuda e o presídio feminino. É o caso da mulher de Góes, a ex-primeira-dama do Amapá Marília Góes, que é delegada da Polícia Civil.



O advogado Cícero Bordalo Júnior, que chegou a atuar na defesa do governador, discordou da estratégia de não ajuizar pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal em favor de Dias.



- Possuo opinião técnica totalmente divergente da atual estratégia adotada pelos nobres colegas- disse ele, por e-mail.



Bordalo Jr. atende outros clientes detidos na operação e já pediu que sejam libertados. Até ontem, porém, os 18 presos permaneciam encarcerados, segundo a PF.



"Somos ficha limpa", diz candidato

O vice da candidatura de Pedro Paulo Dias à reeleição, Alfredo Góes (PDT), afirmou, em evento para militantes no Amapá, que a chapa formada pelos dois é "ficha limpa". No sábado à noite, Alfredo Góes participou de um ato político, em frente à Fortaleza de São José de Macapá, em defesa de Dias e de Waldez Góes (PDT), ex-governador e candidato ao Senado pelo estado, também preso pela Operação Mãos Limpas da Polícia Federal.



"

Nós não temos medo de nenhuma coerção. Nós somos ficha limpa, sim senhor, e no dia 3 de outubro vamos mostrar isso

"

--------------------------------------------------------------------------------

.- Nós não temos medo de nenhuma coerção. Nós somos ficha limpa, sim senhor, e no dia 3 de outubro vamos mostrar isso - afirmou Alfredo Góes, durante o evento, que foi embalado pelo jingle da campanha do governador do Amapá.



O candidato a vice disse acreditar que, em breve, Dias e Waldez, que estão detidos em Brasília, retornarão ao Amapá e retomarão suas campanhas. No mesmo evento, a esposa de Pedro Paulo Dias, Denise, pediu aos militantes que continuassem a campanha do marido.



Depois das prisões, o presidente do Tribunal de Justiça do Amapá, desembargador Dôglas Evangelista Ramos, de 67 anos, assumiu o governo do estado. Ele defendeu a volta de Dias ao cargo. Para Evangelista, enquanto o governador não for condenado, deve continuar respondendo pelo Executivo do Amapá.



Em 2002, Dias se elegeu vice-governador na chapa liderada por Waldez Góes. Em 2006, foi reeleito como vice. Desde 3 abril de 2010, é governador do Amapá. Ele assumiu após Waldez Góes ter deixado o cargo para se candidatar ao Senado.

Gabriela M.
No. 9

Fonte: O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário