O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca nesta sexta-feira para uma viagem de dez dias pelo continente africano, praticamente seu último grande giro no exterior antes de deixar o Palácio do Planalto.
O périplo começa por Cabo Verde, onde o presidente chega neste sábado. O roteiro inclui ainda Guiné Equatorial, Quênia, Tanzânia, Zâmbia e, por fim, África do Sul, onde Lula assistirá à final da Copa do Mundo.
Com uma agenda que prevê acordos de pouca expressão, a viagem tem, na verdade, um forte peso simbólico: permitir que o presidente Lula se "despeça" do continente africano, um dos principais alvos de sua política externa.
Essa será a 11ª vez que Lula vai à Africa e, segundo o Itamaraty, o presidente já fez mais viagens ao continente do que todos os seus antecessores juntos.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, esteve em três países africanos em viagens oficiais. Já Fernando Collor foi a quatro países da África durante seu mandato.
Até o final do giro que começa nesta sexta-feira, Lula terá visitado um total de 24 diferentes países africanos desde que assumiu o governo, em 2003.
Parceiro
Especialista na relação Brasil-África, o professor Cláudio Ribeiro, da PUC-SP, diz que os países africanos olham hoje para o Brasil com um misto de "admiração" e "identificação".
"Eles não nos veem como imperialistas, mas sim com uma lógica de que podemos ser parceiros complementares", diz.
Segundo ele, as visitas do presidente Lula permitiram criar a imagem de que o Brasil é "confiável" e tem "legitimidade" para exercer ter um papel de liderança entre os países africanos.
O Brasil, no entanto, não obteve o apoio de países como Uganda, Gabão e Nigéria, na votação que resultou em sanções comerciais ao Irã, durante sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), no mês passado.
Segundo ele, as visitas do presidente Lula permitiram criar a imagem de que o Brasil é "confiável" e tem "legitimidade" para exercer ter um papel de liderança entre os países africanos.
O Brasil, no entanto, não obteve o apoio de países como Uganda, Gabão e Nigéria, na votação que resultou em sanções comerciais ao Irã, durante sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), no mês passado.
Segundo um representante do Itamaraty, o Brasil não tinha a "pretensão" de influenciar os votos dos africanos. "Sabemos a pressão que esses países devem ter sofrido dos países mais ricos. Faz parte do jogo político", diz a fonte.
O deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) diz que a "fixação" do Brasil por um assento no Conselho de Segurança faz o país ter uma relação "desproporcional" com alguns países, entre eles africanos.
Ainda na avaliação do deputado, o presidente Lula acaba usando essas visitas à África para "se promover" no cenário internacional.
"Por trás disso está sempre a ideia de apresentar o presidente como uma liderança mundial, deixando para trás os interesses do país", diz.
Jessika Sugahara (nº12)
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